
O aumento da inflação está deteriorando o poder aquisitivo da população e forçando muitas famílias a mudar seus hábitos de consumo, principalmente no supermercado.
Os dados oficiais mais recentes sobre a inflação no país mostram que o salário mínimo já não é suficiente para comprar os alimentos da cesta básica, evidenciando como a alta generalizada dos preços está pesando no orçamento das famílias.
O problema é que não são apenas os alimentos que estão sofrendo remarcações frequentes de preços nas gôndolas, mas também diversos outros produtos e serviços essenciais, obrigando os consumidores a obter crédito para conseguir fechar as contas no fim do mês.
Neste artigo, vamos entender melhor o encarecimento da cesta básica em todas as regiões do país e o que está por trás desse fenômeno.
Salário mínimo não está acompanhando alta dos preços
Mesmo com um reajuste de 10% no início deste ano, o valor do salário mínimo não está conseguindo acompanhar a alta galopante dos preços dos itens básicos de consumo, colocando muitas famílias de baixa renda em situação de insegurança alimentar.
Dados divulgados recentemente pela Fundação Procon de São Paulo mostram que a cesta básica ficou 1,36% mais cara no mês de maio, com um custo geral de R$ 1.226,12, ficando, portanto, R$ 14,12 acima do piso salarial vigente no país neste momento, de US$ 1.212,00.
A cesta básica é composta por itens de primeira necessidade e, desde 2020, vem aumentando de valor de forma constante, obrigando o Banco Central a elevar as taxas de juros do país para combater a inflação que, nos últimos doze meses, acumula uma alta de 11,73%.
Alta da inflação provoca aumento de juros
A taxa Selic, definida a cada quarenta e cinco dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, serve de base para a correção de contratos financeiros no país e avança no patamar de dois dígitos a 13,75% atualmente. A última alta do Copom deixou as portas abertas para novas elevações de juros num futuro próximo.
Quando a Selic sobe, as condições financeiras ficam mais apertadas, em razão do maior custo de financiamentos, de compras parceladas e das taxas de cartões de crédito, por exemplo. Isso força uma queda no consumo, além de desincentivar o investimento de empresas em sua expansão, o que prejudica o crescimento econômico e o nível de renda da população.
Cesta básica sobe nas principais capitais do país
A última pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que todas as dezessete capitais pesquisadas registraram forte aumento dos preços dos produtos da cesta básica, obrigando muitas famílias a mudar seus hábitos de consumo, especialmente as de baixa renda.
As altas mais expressivas em maio ocorreram nas seguintes capitais:
- Campo Grande (6,42%);
- Porto Alegre (6,34%);
- Florianópolis (5,71%);
- São Paulo (5,62%);
- Curitiba (5,37%);
- Brasília (5,24%);
- Aracaju (5,04%).
Além disso, a menor variação foi registrada na capital da Paraíba, João Pessoa, onde a correção dos produtos da cesta básica foi de 1,03%, bem abaixo das outras cidades que compuseram o levantamento.
O que está causando esse encarecimento da cesta básica?
Diversos fatores explicam essa alta expressiva dos preços. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que não se trata de um fenômeno local, mas de escala global, na medida em que a inflação está subindo nas principais economias do mundo.
A razão dessa deterioração generalizada do poder aquisitivo em várias regiões do mundo se deve aos choques provocados pela pandemia, que levaram uma desestabilização das cadeias de suprimentos.
A crise sanitária causou uma brusca alteração nos padrões de consumo de toda a população, na medida em que as pessoas ficaram mais tempo em casa. Em razão das incertezas desse cenário, as empresas, especialmente a indústria, não recompuseram seus estoques nem investiram em aumento de capacidade produtiva.
Os estímulos econômicos, na forma de auxílios emergenciais, fizeram com que os gastos das famílias tivessem uma robusta recuperação, que não foi acompanhada pelo aumento da oferta. Isso acabou gerando um grave desequilíbrio de mercado.
Quando a demanda agregada fica acima da capacidade de abastecimento da economia, o efeito colateral é a inflação, isto é, o aumento generalizado dos preços.Além disso, a eclosão de uma grande guerra no Leste Europeu entre dois grandes países exportadores de commodities, Rússia e Ucrânia, fez disparar os preços de energia, em especial, os do gás natural e do petróleo no mercado internacional. Os efeitos no Brasil foram sentidos nos preços da gasolina e do diesel, que vêm sofrendo aumentos sucessivos nos últimos meses.
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